Promotor
EGEAC, Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural
Sinopse
obre o Conceito do Rosto do Filho de Deus (Sul Concetto Di Volto Nel Figlio Di Dio) marca o regresso a Lisboa do encenador italiano Romeo Castellucci, após dez anos de ausência. Estreada em 2010 a peça apresenta-se de 6 a 8 de Maio 2016 no Teatro São Luiz no âmbito do programa Noites Maria & Luiz, em colaboração com o Maria Matos – Teatro Municipal.
Sobre o Conceito do Rosto do Filho de Deus (Sul Concetto Di Volto Nel Figlio Di Dio) constrói-se a partir de uma reprodução da obra do pintor Antonello Da Messina, Salvatore Mundi (1465), que nos coloca perante o rosto de Jesus Cristo. Castelluci lançou-se numa pesquisa profunda sobre a dimensão humana da abnegação e da crença, criando três sequências independentes que desejam “materializar o momento em que Cristo entra na carne do homem e morre na cruz”, explicava na altura da estreia. Ao encenador italiano interessa compreender “o abandono da divindade [no momento em que] integra plenamente a sua dimensão humana”.
Na primeira sequência, um homem cuida do seu velho pai, que sofre de incontinência fecal. É o amor e a tolerância filial postas à prova perante a raiva e a impotência. “A dimensão escatológica ultrapassa todo o realismo e a situação torna-se metafísica”, explicava o encenador. “Passamos da cropologia [o estudo das fezes] à escatologia [o encontro entre a teologia e a filosofia que reflecte sobre o fim do mundo]”. No segundo momento um grupo de crianças apedrejam a reprodução do quadro que é, em seguida, destruído por três alpinistas que revelam a frase “(Não) És o meu pastor”.
Este encontro entra a imagem oferecida e o modo como é entendida, está na base de um teatro reflexivo e especulativo e que se presta ao debate e à discussão sobre os limites da arte. O papel do teatro é provocar “uma epifania individual no espectador”, recusando uma “doutrina sagrada”, defendia o encenador numa entrevista em reação às acusações de cristianofobia que se seguiram às apresentações em Paris em 2011, marcadas pela violência e confrontos entre extremistas católicos.
Castelluci explicava que “esta peça é, ao mesmo tempo, a experiência de uma profunda humilhação a do pai que não se consegue controlar e, assim, decompõe a sua dignidade e, uma experiência de uma profunda manifestação de amor a do filho que vem iluminar a situação, como uma luz divina. Cabe ao espectador responder ao enigma perante o qual é colocado", conclui.
Romeo Castellucci (Cesena, 1960), fundador da Socìetas Raffaello Sanzio, recebeu em 1998 o Prémio Novas Realidades Teatrais Europeias e em 2013 o Leão de Ouro da Bienal de Veneza. A sua primeira passagem por Portugal data de 1997, com Amleto (Teatro Nacional São João), tendo apresentado em Lisboa Voyage au bout de la nuit (2002, Culturgest) e Tragedia Endogonidia: BR#4 (2006, Alkantara Festival/CCB).