Produtor
Entidade Pública
Sinopse
“Torcicolo” de João Silva – Num mundo carregado de interrogações as pessoas movimentam-se na procura de conhecerem o porquê do princípio das coisas.
Somos concebidos. Depois protegidos numa redoma sensível que nos defende de substâncias exteriores nocivas. Atirados para o mundo de fora, aí começa a grande aventura.
O princípio é uma resposta para o que há de vir. As mãos que nos tocam, os lábios que nos beijam ou as palavras que nos entregam, fazem e constroem a segurança do antes da entrega ao planeta.
O medo e o desespero não acontecem por acaso. São doenças que nos são injetadas. O amor e a segurança constroem-se nos momentos mais ínfimos da nossa liberdade.
“TORCICOLO” é o resultado final dramatúrgico de 22 sessões de dinâmica terapêutica e de análise de conteúdos. É metamorfose poética de palavras, emoções e interrogações entregues ao autor.
Promotor
GRUPO DE TEATRO TERAPÊUTICO (GTT) DIRIGIDO
DO HOSPITAL JÚLIO DE MATOS (ATUAL CHPL)
O GTT nasceu em 1968/69, num manicómio em Lisboa – Hospital Júlio de Matos – por vontade de doentes e o apoio de técnicos da saúde mental e de amigos do exterior ligados às Artes.
É um projeto-piloto que aconteceu numa época dramática da História mas que se manteve até à data, apesar das agressões e incompreensões a que tem sido sujeito.
À primeira peça levada à cena, ÓLEO de Eugene O’Neill, em 1968, seguiram-se mais 23 projetos/peça (dois proibidos ou não autorizados). Agora, é a estreia de mais um, TORCICOLO de João Silva.
Os projetos do GTT apresentaram-se em quase todas as salas de espetáculo em Lisboa, mesmo em algumas na província. Fizeram-se também debates, leituras de peças, poesia e muito diálogo com o público.
A linguagem e corpo do GTT está no seu interior físico e humano, mental, que se processa quase diariamente em sessões de trabalho teatro/simbiose/terapia, que resultam num crescimento de grupo, numa entrega a um projeto de teatro/peça – ideias, dramaturgia, encenação – e que resultará no final no ritual das grandes entregas de emoções e partilhas com o publico em geral, aos outros. Portanto, dar e receber
Pelo GTT passaram milhares de pessoas: doentes/atores, artistas e criativos diversos, técnicos da saúde mental, estudantes nacionais e estrangeiros de várias áreas em formação, etc., etc. O GTT é um projeto pioneiro, que se mantém na vanguarda, reconhecido fora das fronteiras mas que nunca lhe foi permitido sair do reduto, porque aprisionado na tacanhez de outros.
Se a época em que o Grupo de Teatro Terapêutico (GTT) Dirigido nasceu era confusa e perigosa para a liberdade do pensamento, decorridas quase cinco décadas, a época em que vive atualmente é confusa e perigosa pelo desconhecimento de muitos sobre o que é a liberdade do pensamento.
JOÃO SILVA |Ator/encenador/dramaturgo, no GTT desde 1968
Ficha Artística
Texto João Silva | Encenação com direção de Atores João Silva (Responsável área de Teatro) | Assistente de encenação André Carvalho | Assistente de palco António Carvalho | Cenografia Rui Francisco | Figurinos Joana Freitas | Desenho de Luz Sérgio Moreira |Área musical temas de David Bowie | Execução Musical Ulrich Mitzlaff (Violoncelo) | Caracterização Carla Pinho |Imagem Artur Moreira |Apoio Gráfico Pedro Meireles |Fotografia de cena Miguel Machado | Confeção de Figurinos Oficina dos Farrapos – São Almeida| Construção e montagem cenográfica JSVC Decor | Produção Joana Freitas e André Carvalho |Interpretação (Eros) Pascoal Barros; (Serpa) António Serpa; (Maria) Olga Varanda; (Verónica) Maria José Santos; (Manuela) Estela Augusto; (Beatriz) Rita Fernandes; (Madaleno) Filipe Maia E Carmo; (Mona) Ana Paula Bastos; (Magda) Ana Ribeiro; (Mário) Bernardo Moreira |Participação em intervenções pontuais de André Carvalho | Terapeuta responsável área de Saúde Mental Isabel Cristina Calheiros | (Dança terapeuta Liliane Viegas | Enfermeira Ana Menoita | Voluntária Tatiana Vaz
Informações Adicionais
TORCICOLO, de João Silva
(falas do texto)
“Mãe, tenho fome e ainda não nasci”, diz o feto à mãe. “Graças a Deus tens tudo no sítio certo, meu anjo…”, Responde a mãe.
Nem sempre a palavra corresponde ao pensamento; nem sempre o pensamento ameniza a ação; nem sempre a ação restabelece o equilíbrio.
Se o esquecimento come a ira, esquece. Não podes viver sempre atormentado pelo destino que te ofertaram.
Nem sempre o novo é inovador; nem sempre o velho é sabedoria.
Nada é perfeito o suficiente para nos sentirmos acima do que sempre existiu.
Vivemos atormentados pelo destino que nos entregaram, que nos coube ou construímos, mas que não rejeitamos por inércia ou comodismo.
Uma última oportunidade na vida de alguém, é como estar à espera do comboio e apanhar a derradeira carruagem. Não a pode perder, senão…