Promotor
Teatro Nacional São João E.P.E.
Breve Introdução
Dois anos depois da publicação de O Primo Basílio, Eça de Queirós publicava o longo conto (ou a curta novela) O Mandarim, um texto de colorido imaginário fantástico. Dentro do corpus da obra queirosiana, O Mandarim tem um lugar singular, garantido pelo seu tom cómico, pela tessitura de farsa moralizante, pela sátira filosófica. O texto de Eça de Queirós elabora sobre uma conhecida expressão de origem francesa: “O paradoxo de Rousseau”, que consiste na seguinte ideia: existe na longínqua China um riquíssimo mandarim, que deixou testamento a favor de quem o matasse, e que pode ser morto de uma maneira muito fácil: premindo um pequeno botão de uma campainha em Paris. Como nunca o veremos, ele não nos pode afetar emocionalmente. Será que carregaríamos no botão? Com a finalidade de enriquecermos sem o mínimo esforço, seremos nós capazes de matar o mandarim? Tendo em Queirós um dos seus principais formuladores na literatura, este “paradoxo” encontrou também expressão em Diderot, Rousseau, Chateubriand ou Balzac. Este paradoxo, de uma forma parabólica, é perfeitamente capaz de descrever o que aconteceu à Europa durante todo o século XX e, em particular, para explicar como se formaram coisas tão díspares como a sociedade de consumo ou a Alemanha nazi. E, pensando nas múltiplas explorações que o capitalismo e a sociedade de consumo fazem para que possamos ter t-shirts e calças de ganga a preços extremamente baixos, é impossível não ver como o “Paradoxo do Mandarim” serve para endereçar à sociedade contemporânea um direto comentário. Assim, o texto de Queirós serve-nos para compor uma espécie de mito de Fausto disfórico, uma moralidade profana – que serve que nem uma luva aos séculos XX e XXI.
Teatro Experimental do Porto
Ficha Artística
a partir da novela de Eça de Queirós
adaptação Rui Pina Coelho
encenação Gonçalo Amorim
cenografia e figurinos Catarina Barros
desenho de luz Francisco Tavares Teles
música original e participação FERE
interpretação Catarina Gomes, Ivo Alexandre, João Miguel Mata, Paulo Calatré, Tanya Ruivo
coprodução Teatro Experimental do Porto, TNSJ
Preços
Plateia e Tribuna: 16,00€
1º Balcão e Frisas*: 12,00€
2º Balcão e Camarotes 1ª Ordem*: 10,00€
*Frisas e Camarotes só são vendidos a grupos de, no mínimo, duas pessoas.