Promotor
EGEAC, Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural
Sinopse
Há duas imagens muito fortes que nos aparecem quando pensamos nos solos de Luís Lopes. A primeira, menos óbvia e meramente ilustrativa, coloca o músico numa espécie de luta sem tréguas com a sua guitarra e amplificador, um duelo físico e contorcionista em que o seu corpo ondula como que conduzindo parte da eletricidade que se ouve. A segunda, mais evidente, atinge-nos demolidoramente, como se um soldado noise, de munições invisíveis, nos assaltasse sem piedade. Em janeiro de 2015, no seu quarto, Luís Lopes formalizou sozinho uma outra ligação à sua guitarra, servindo-se dela para carpir algumas das mágoas de uma recente separação amorosa. Da dor nasceu um lamento arrebatador, feito a uma só voz, em jeito de confissão, criando um manto melancólico que suspende as notas na atmosfera como gotas, fazendo-as vibrar de emoção enquanto caem em lenta cadência. Uma vibração de amor cristalino, onde se sente uma verdade no ar, transparente e honesta, que se partilha connosco num gesto de absoluta generosidade. Love Song é um salto de fé, feito de intuição e composição espontânea, onde cada nota e acorde se interligam com os seguintes de modo miraculoso, empurrados para seguirem um caminho que só o coração sabe indicar. Love Song é um momento ímpar na produção jazz de Luís Lopes, e também um ponto de alta incandescência na discografia nacional; e é um absoluto privilégio sermos convidados a escutar de bem perto o batimento da sua guitarra. Raramente o adjetivo íntimo serviu tão bem um concerto.
Ficha Artística
guitarra elétrica: Luís Lopes
crédito fotográfico: André Cepeda