Promotor
Ágora - Cultura e Desporto do Porto, E.M., S.A.
Breve Introdução
A nossa ancestralidade é, simultaneamente, Futuro e Presente.
Somos corpos em relações densas, intensas, eróticas, de irmãs.
Quem são as mulheres que nos antecederam? As que nos
habitam? As que nunca veremos? Que prazeres tiveram? Que
liberdade? Que voz? Que silêncio? Que segredos? Que espaço?
Quem somos nós também?
Existe uma anulação do tempo linear e do espaço concreto, a geografia dissipa-se e as heranças misturam-se. Somos nós,
as nossas bisavós, avós, mães, todas filhas de uma história que
tem de ser reescrita, porque quem a contou não tinha a verdade,
apenas o poder. Este grito é dado numa narrativa desalinhada,
porém hiper-precisa, exata no ponto de prazer, que é luta e deleite, que é orgasmo e partilha. Que é força e vulnerabilidade.
A voz conduz o rito, a voz que é grito e que tantas vezes
não se ouviu. Aqui sente-se. Aqui é na pele toda que escuta. Há
Passado e há Futuro, mas detemo-nos no presente onde tudo se
encontra, neste momento, agora. Entre as máquinas, a colheita,
o vermelho, a ira e o amor. Descansamos. Os nossos corpos são,
ainda, um manifesto político.