Produtor
Vachier & Associados, Produção de Espectáculos, Lda.
Sinopse
SAMUEL ÚRIA CARGA DE OMBRO
Gigante aperaltado alternativo a aspirar o Pop
Devia ser cada vez mais fácil decifrá-lo. Mas não é. Samuel Úria é rebuscado, cifrado e, para dificultar a tarefa, está cheio de conteúdo para desvendar.
Para quem não sabe, o Sami sofre de excesso de informação; não consegue esquecer o que aprendeu. É a característica que mais o define, para mim. Um Ser enorme, de sono pouco profundo, cheio de informação armazenada às vezes sufocante, da qual não se consegue livrar. E assim cresce, alimentado a conhecimento, e com uma memória que não falha.
Quando as canções se enchem de referências a uma série de nomenclaturas, acasos e ocorrências, personagens ou episódios que temos de pesquisar se quisermos entender tudo, é a essa memória que o devemos. E aí vemos o Samuel a ser ele próprio.
Ouvimos neste disco vários momentos aparentemente opostos, e quase de forma alternada de faixa para faixa - o som da força e da perseverança é o grito de ar nos pulmões que impele um amigo a sair do chão; que repreende a estupidez de misturar saber com opinião, e denuncia o ridículo do medo que leva ao silêncio. E depois, o sussurrar de um segredo confessado quando nos diz que quer estar pronto a dizer não sei, que quer ser apenas mais um; mais um homem, vulgar e comum.
Quando em concerto, lá aparece ele em palco cheio de luz num passar único e genuíno como só ele próprio. Volta e meia dança com aquele ar meio desengonçado, cheio de um ritmo muito dele, parecendo um gigante que se vai desconjuntar mas que aproveita cada momento dessa desestruturação, com prazer e alegria contagiantes.