Promotor
Teatro Nacional D. Maria II
Sinopse
Enseada é definida no dicionário como um recôncavo na costa do mar, um porto de abrigo, uma pequena baia. Uma pessoa chega a casa e vê um bilhete no chão que apanha. Lê o que está escrito, entrega-o à outra pessoa que já lá estava e diz: estava isto debaixo da porta. A outra pessoa pergunta: o que é que diz? E a primeira responde: gosto de ti. Agora a pergunta que se faz é esta: a pessoa que respondeu gosto de ti respondeu algo que estava a ler ou disse-o à outra pessoa que já lá estava: gosto de ti. Estava a ler ou a dizer? Se estava a ler então estava de algum modo a dizer gosto de ti automaticamente, estava a ser a máquina que lê e diz o que lê. Porém, se não estava a ler, então dizia gosto de ti com intenção de dizer isso. ENSEADA é sobre a possibilidade de duas pessoas poderem falar uma com outra e entenderem-se. Depois da investigação que fez, a equipa da ENSEADA chegou à conclusão provisória de que a condição necessária para duas pessoas se entenderem é essas duas pessoas terem vontade de se entenderem, quererem entender-se acreditarem que é possível entenderem-se. Chegou também à conclusão provisória de que a sensação de felicidade está fortemente ligada à sensação de uma pessoa sentir que entende e sentir que se faz entender. ENSEADA é também sobre os automatismos e as rotinas da vida e sobre as vantagens e desvantagens desses automatismos e rotinas. Sobre como as rotinas podem ser tempestades e como podem ser enseadas.
Estava isto debaixo da porta
O que é que diz
Gosto de ti
É de quem
Não diz
Queres café?
Estava isto debaixo da porta
O que é que diz
Gosto de ti
É de quem
Não diz.
Queres café?
Quero
Vou fazer.
Que tal o teu dia?
Cá estou
Cá estou?
Sim, cá estou
Não te apetece falar, é isso?
Não. sim. Falar de quê?
Estava isto debaixo da porta
O que é que diz
Gosto de ti
Ficha Artística
texto e direção Miguel Castro Caldas
criação Élvio Camacho, Filipe Pinto, João Caldas, Márcia Lança, Marta Félix e Miguel Castro Caldas
com Élvio Camacho, Márcia Lançae Marta Félix
música João Caldas
espaço cénico Sara Franqueira
figurinos Marta Félix
luz Cristovão Cunha
assistência de cenografia Joana Sabogueiro
apoio à dramaturgia Ana Matoso
produção executiva Marta Moreira
residências Materiais Diversos e CCVF
produção Org.i.a
coprodução TNDM II, Centro Cultural Vila Flor
Projeto financiado pela República Portuguesa - Cultura / DGArtes