Promotor
Câmara Municipal de Loulé
Sinopse
A obra de José Saramago, As Intermitências da Morte, parte de uma premissa inquietante: e se, num país qualquer, as pessoas deixassem de morrer? Para além das consequências desastrosas em termos sociais, ironicamente denunciadas na pena do romancista, num segundo momento do texto a morte surge já não como um conceito humano, mas personi?cada num corpo de mulher. Nesta encarnação, a Morte acaba por se apaixonar por um violoncelista, desenvolvendo com ele uma relação tão mais humana quanto intensamente ?ltrada e condenada pelo som imaginado de um violoncelo. Para Isabel Vaz e Pedro Braga Falcão – porque os músicos lêem os livros com a imaginação do que ouviram – este fértil sugestão musical que a escrita de Saramago oferece vai sendo substituída pelas melodias e pela pulsão dramática das partituras de Schubert, em particular do seu Quinteto para Cordas, onde os dois violoncelos dão uma possível textura para este sombrio milagre amoroso.
Concebido, pois, a partir desta íntima relação entre texto e partitura musical, no espectáculo “A Morte saiu das suas intermitências, apareceu em cima de um palco e voltou a morrer num título longo: no dia seguinte ninguém morreu” uma actriz encarna a morte – ecoando o movimento de Saramago –, e num monólogo em quatro andamentos, vai expondo toda a audiência a um desconfortável memento mori, interagindo com a partitura e em particular com o violoncelista que a fez conhecer o amor dos homens. A poesia de Pedro Braga Falcão vai explorando, assim, as ambiências sonoras de Schubert e os possíveis diálogos que estas tecem com o texto do escritor português: os músicos em palco interpretam integralmente o Quinteto, que é cerzido, entre andamentos, pelas palavras de uma Morte algo desadequada, não adaptadas a partir do romance de Saramago, mas cuspidas em verso e condicionadas pela prosa e pela partitura originais, em igualdade de circunstâncias.
Ficha Artística
Violino I: André Gaio Pereira
Violino II: Tomás Soares
Viola: Diede Verpoest
Violoncelo I: Beatriz Raimundo
Violoncelo II: Isabel Vaz
Música: Franz Schubert - Quinteto de cordas em Dó Maior
Elenco: Catarina Wallenstein
Texto e Encenação: Pedro Braga Falcão
Informações Adicionais
A Fila B do 1.º Balcão e as Filas B e E do 2.º Balcão apresentam visibilidade reduzida.
Preços
Preço: 8 €
» Entrada gratuita para todas as pessoas com necessidades específicas, para crianças até aos 12 anos e para portadores do cartão sénior da Câmara Municipal de Loulé (disponível apenas mediante levantamento de ingresso na bilheteira física)