Promotor
Câmara Municipal do Porto
Sinopse
Quando, em 1325, João Anes Melacho inscreveu o seu nome no silhar, marcando para sempre a autoria do almazém régio destinado a Alfândega do Porto, que D. Afonso IV o havia mandado construir, não imaginava que 69 anos depois ficaria tão ligada ao nascimento do Infante D. Henrique e aos festejos do seu batismo. Sete séculos depois da primeira pedra, a Casa do Infante celebra, este ano, o edifício que ao longo do tempo albergou tantos serviços, usos e feitos, inaugurando em março, mês do nascimento do Infante, o programa das comemorações.
Será um concerto de música antiga a lembrar o que abrilhantou a festa de 1394, registado no pergaminho coevo – Recibos das despesas com os festejos do batismo do Infante D. Henrique – guardado no Arquivo Histórico Municipal do Porto, por coincidência ou por destino, também sediado nesta espaço. Um momento de festa e celebração, a lembrar a casa do Infante que lhe deu o nome, que tem sido abrigo e palco de muitos projetos e acontecimentos e que segue a perpetuar a memória da cidade e do seu patrono.
O que o Sete Lágrimas nos propõe no seu projecto Diaspora é uma viagem por repertórios escritos e orais, mais próximos ou mais remotos, de teor ora mais erudito ora mais popular, que reflectem esta vivência de seis séculos de partilhas artísticas intensas num mundo interligado pela primeira vez pelas caravelas portuguesas e marcado no decurso desse tempo longo por luzes e sombras, dores e alegrias, violência e paixão de que a Música dá testemunho.
— Rui Vieira Nery
Sons, imaginação, viagem. Três operadores do universo criativo da diáspora portuguesa que deram origem a um vasto reportório – em grande parte ainda desconhecido. Deles nasceram novas galáxias sonoras, espalhadas pelas sete partidas, conhecidas por música e por tantos e diferentes nomes. Sons de vozes, de instrumentos, do sino “que desperta o sonho dos monges” (Simão Xavier da Cunha, ou Wu Yushan, 1632-1718). Sons de reinóis, de merdejkas, de cafres, de malaios, de uma paleta humana sem precedentes na história da humanidade.
— João Soeiro de Carvalho
PROGRAMAÇÃO
Sofia Lourenço
DIREÇÃO ARTÍSTICA
Filipe Faria e Sérgio Peixoto
PROGRAMA
Intérpretes
FILIPE FARIA (voz, percussão, viola de mão de 4 ordens)
SÉRGIO PEIXOTO (voz)
TIAGO MATIAS (vihuela, guitarra barroca e tiorba)
JUAN DE LA FUENTE (percussão)
Autores e obras musicais
- D. DINIS (1261-1325) — Que’eu maneira de Proençal
- TRADITIONAL (Itália/Lombardia) — San Giuseppe e la Madonna
- FILIPE DA MADRE DE DEUS (1626-?) — Oiga el que ignora
- VILANCICO ANON. (s. XVI) — Senhora del mundo
- ANON. (Brasil) — É tarde, ela dorme
- Trad. Andaluzia/JUAN DE LA FUENTE — Variação sobre Seguiriya
- LUNDUN (s. XVIII/XIX) — Menina você que tem
- FILIPE FARIA (n.1976) e SÉRGIO PEIXOTO(n.1974) sobre poema anónimo (s. XVI) — Pues que veros
- Trad. (Macau/China) — Bastiana
- Trad. (Timor) — Mai fali é
- FILIPE FARIA (n.1976) e SÉRGIO PEIXOTO(n.1974) sobre Anónimo (s. XVI) — Lágrimas de saudade
- Sarambeque de Abreu (s. XVII)
- EUGÉNIO TAVARES (1867-1930) — A força de Cretcheu
- Trad. (Japão) — Takeda no komoriuta
- ANON. (Codex Coimbra, MM97/Tiago Matias) — Tarantela
- Trad. (Idanha-a-Nova/Portugal) — Meu bem bê à bá
Projecto Diaspora — Para lá de caravelas e de Boa-Esperança a relação de Portugal com o mundo nasce de uma vontade de mudança… Com a expansão portuguesa do século XV inicia-se um período de aculturação e miscigenação que influencia mutuamente as práticas musicais dos países dos Descobrimentos e de Portugal e muda a configuração do nosso ADN colectivo para sempre…
O projecto Diaspora conta com três títulos: “Diaspora.pt” (2008), “Terra” (2011) e “Península” (2012) e mergulha nos géneros e formas musicais dos cinco continentes de ontem e de hoje, arriscando novas fórmulas interpretativas de repertórios populares e eruditos do século XVI ao século XX, do vilancico ibérico às modinhas e lunduns, dos vilancicos “negros” do século XVI/XVII ao “chorinho” brasileiro, das “mornas” africanas às canções tradicionais de Timor, Macau, Índia, Brasil, etc… Uma vertigem experimental pela viagem, caminho, peregrinação, terra, água, saudade e pelo que ficou hoje depois de todos os ontem…
Informações Adicionais
Endreço
Rua da Alfândega, 10
4050-029 Porto
Autocarro
500, 900, 901, 906, ZM, ZR, 1
Metro
S. Bento
Estacionamento
Praça do Infante D. Henrique