Promotor
Município de Penafiel
Breve Introdução
Bilhete único :: 12€ (não sujeito a descontos), com direito a todos os eventos e almoço incluído
Nota: Após a aquisição do seu bilhete, contacte-nos para [email protected] indicando eventuais restrições alimentares ou qualquer outra informação relevante para a sua participação.
Coordenadas (Laboratório para o território) nasce da inquietação sobre o que significa habitar um espaço, transformar um território, ou resgatar memórias. É um projeto de simbiose entre o corpo e o lugar, um gesto que se inscreve no espaço público e o ressignifica, fazendo dele um organismo vivo, mutável e em constante negociação com aqueles que o atravessam. Porque um lugar não é apenas a sua estrutura física, mas sim o que nele persiste para além do visível, nos encontros e nas histórias que o habitam. Se um espaço pudesse falar, o que diria? E se o corpo pudesse responder, o que faria?
Enquanto laboratório para o território, o Coordenadas propõe uma reflexão profunda sobre o espaço e os seus fluxos, explorando a forma como a arte pode atuar como agente de transformação social. As artes tornam-se assim uma fissura na normalidade, uma interrupção que revela novas camadas do real, um lugar de experimentação onde as dinâmicas do quotidiano são temporariamente suspensas para dar lugar a outra maneira de ver, de sentir, ou de estar. Mas o que acontece para lá da performance? Depois do final do espetáculo, o que permanece? As pessoas voltam a esse espaço? E de que forma a memória do acontecimento se inscreve na matéria do território?
Pode um lugar ser lido como um corpo? Pode um corpo ser um mapa de territórios? O que faz do espaço um lugar? Será a sua história ou as pessoas que o habitam? A proposta não é apenas artística, mas também política e social. Encara o espaço público como um campo de possibilidades onde a criação artística se entrelaça com o urbanismo, onde a história de um lugar dialoga com as suas camadas invisíveis e esquecidas, onde se cruzam vozes e narrativas que reivindicam a sua presença. O projeto desenha-se na fronteira entre a memória e a projeção do futuro, refletindo sobre o que foi apagado, sobre aquilo que precisa de ser resgatado e sobre o que ainda pode ser imaginado. A gentrificação e a crescente desocupação dos espaços sociais convocam a necessidade de agir sobre os territórios, reequacionar a sua identidade e compreender de que forma os seus habitantes podem participar na sua transformação.
O Coordenadas propõe uma escuta ativa, um processo de envolvimento com as comunidades, um trabalho conjunto com artistas, arquitetos, urbanistas e cidadãos criativos e não criativos na construção de uma nova forma de habitar. Coloca a arte no centro de um processo que não se encerra num evento efémero, mas se prolonga no tempo e na experiência de quem ali permanece. Como construir redes que vão para além do instante? Como inscrever novas práticas de vivência e apropriação do espaço? Como fazer da performance um campo de reflexão sobre as relações que estabelecemos com os territórios?
O bem-estar cultural surge como um conceito transversal que nos guia, como uma urgência em reafirmar o direito à cultura, ao encontro, à contemplação, num tempo em que a pressa e a funcionalidade dominam os territórios. O espaço precisa de arte? Ou a arte precisa de um espaço? Ou, talvez, seja a fusão entre ambos que gera a verdadeira transformação?
programa
31 maio 2025
11:00
Encontro com o território: a cidade como palco, os corpos como mapas
[keynote]
Este momento estabelece o enquadramento do projeto, articulando a sua relação com o Ponto C, o contexto urbanístico envolvente e a importância do espaço público como território de criação e transformação. Inclui um keynote inspiracional e uma conversa que parte da obra de Christo e Jeanne-Claude para refletir sobre a memória dos lugares – o que permanece, o que se apaga e o que pode ser recuperado. Como se resgatam memórias de um lugar? Que camadas invisíveis habitam os espaços que percorremos todos os dias? Uma reflexão sobre arte como gesto revelador, e o território como palco de ecos, vestígios e narrativas em construção.
boas-vindas Daniela Oliveira :: Município de Penafiel
keynote Margarita Dorovska :: Christo and Jeanne-Claude Center [BG]
moderação Mónica Guerreiro :: Ponto C
12:00
Lugares em transformação: casos de estudo em Portugal
[debate]
A sessão dará voz a projetos em desenvolvimento no nosso país, revelando abordagens inovadoras ao placemaking (cultural) e à regeneração dos espaços urbanos. Um momento de encontro entre visões e práticas que moldam territórios. Iniciaremos com uma introdução ao conceito de placemaking, enquadrando a sua relevância na construção de cidades mais inclusivas, participativas e humanas e onde o espaço público é vivido, partilhado e ressignificado pela comunidade.
com Lara Seixo Rodrigues :: Mistaker Maker
e Marta Silva :: Largo Residências
moderação Bruno Costa :: Bússola
15:00
[fórum participativo]
Lugares vivos: bairros, comunidade e participação
Os lugares onde vivemos – sejam bairros urbanos, aldeias ou territórios em transição – são espaços de relação, construção simbólica e vida em comum. É neles que se inscrevem rotinas, memórias e formas de cuidar, onde a proximidade se torna uma possibilidade de transformação. Fortalecer esses lugares passa por ativar sentimento de pertença, práticas colaborativas e novas centralidades assentes na participação e no envolvimento direto das pessoas. A partir de diferentes experiências – de políticas públicas a processos comunitários, de iniciativas artísticas a dinâmicas informais – esta conversa convida a pensar como se constroem territórios mais justos, inclusivos e vivos. Como podem os habitantes transformar o espaço que habitam? Que papel têm a cultura, a escuta e a ação coletiva na regeneração do lugar? Mais do que procurar respostas, abre-se um fórum de ideias, onde cada contributo ajuda a desenhar uma cartografia partilhada do que pode ser o “viver juntos” – com tempo, cuidado e imaginação.
com Luís Sousa Ferreira :: Riscado
16:30
Se o espaço falasse, o que diria? Se o corpo respondesse, o que faria?
[debate]
Painel multidisciplinar que reúne artistas, urbanistas, gestores urbanos e agentes culturais para explorar a interseção entre arte, identidade e território. Uma conversa que percorre a memória coletiva, a inscrição da arte no espaço público e as possibilidades do placemaking artístico, refletindo sobre como os corpos, as narrativas e os gestos transformam os espaços que habitamos, ressignificando a relação entre cidade e comunidade.
com Álvaro Domingues :: Universidade do Porto
e Américo Rodrigues :: Direção-Geral das Artes
e Marta Aguiar :: MAG
moderação Matilde Seabra :: Galeria Municipal do Porto
18:00
Party time :: Companhia Bergamotto
[circo/humor]
Party Time convida-nos a explorar o mundo da paternidade e do cuidado através da linguagem não verbal da mímica. O palhaço Bergamotto compartilha experiências com o seu ursinho de peluche, com quem viverá aventuras emocionantes entre a ternura e o absurdo, porque ser pai é uma explosão de emoções.
https://pontocpenafiel.bol.pt/Comprar/Bilhetes/153768-party_time_companhia_bergamotto-ponto_c/
Repete 1 junho 2025 às 10:00 na Biblioteca Municipal
19:00
E amanhã?
[notas conclusivas]
Momento de síntese dos resultados preliminares, refletindo sobre as experiências partilhadas, as aprendizagens emergentes e o impacto gerado. Um espaço de resumo e projeção, onde se esboçam as primeiras conclusões e se traçam caminhos para as próximas etapas do projeto.
relator Mónica Guerreiro :: Ponto C
21:30
O Tamanho das Coisas :: Terra Amarela
[teatro]
Numa geografia desconhecida e sem razão aparente, um homem interrompe o seu caminho parando em pleno oceano. Da comparação entre o seu corpo e a escala avassaladora do que o rodeia emerge a questão: será que devo continuar? Poderão todas as coisas medir a sua importância pela sua escala de tamanho? Este é um monólogo criado à medida por Alex Cassal para o ator Paulo Azevedo, que nasceu sem mãos e sem pernas e vem construindo uma carreira singular no teatro e na televisão.
https://pontocpenafiel.bol.pt/Comprar/Bilhetes/153645-o_tamanho_das_coisas_marco_paiva-ponto_c/
23:00
S. Pedro
[música]
Depois de dois álbuns em nome próprio – O Fim (2017) e Mais Um (2019) – e a comemorar uma década de carreira, o cantautor portuense S. Pedro prepara-se para editar novo álbum de originais, do qual já são conhecidos os temas "Até a música acabar", "Tradição", "Tão difícil", "Sem ninguém" e "Campanhã".
https://pontocpenafiel.bol.pt/Comprar/Bilhetes/153764-s_pedro-ponto_c/
15:00
[oficina + espetáculo]
Voar Muito Perto do Sol :: Hugo Barros e Sara Garcia
Oficina participativa para famílias, seguida de espetáculo. Voar Muito Perto do Sol, de Hugo Barros e Sara Garcia, é uma atividade para os mais novos sobre a ideia de liberdade dirigida para a arquitetura, concretamente o espaço doméstico (casa), com colaboração do músico penafidelense Xavier Nunes.
Sinopse
Placemaking e desenvolvimento sustentável
O Coordenadas surge da necessidade de repensar e redefinir a função do espaço público no contexto contemporâneo. Num período de urbanização acelerada e crescente fragmentação social, esta iniciativa propõe uma abordagem inovadora, colocando as artes performativas e visuais no centro das estratégias de transformação territorial. Mais do que uma mera revitalização física, o projeto reconhece o espaço público como um eixo fundamental do bem-estar cultural das comunidades, promovendo lugares que integram as dimensões mental, emocional e cultural como alicerces da convivência e do desenvolvimento coletivo. Ao criar ambientes acessíveis e dinâmicos, esta proposta transforma os espaços urbanos em catalisadores de inclusão, criatividade e regeneração social, fortalecendo os laços comunitários e incentivando a participação ativa dos cidadãos. Com esta visão, Penafiel reafirma o seu compromisso com a sustentabilidade e a inovação, posicionando-se como um território de referência no debate global sobre urbanismo participativo e cultura comunitária.
A proposta destaca-se pelo seu caráter interdisciplinar e visionário. Num contexto onde os centros urbanos muitas vezes perdem a sua vitalidade para dinâmicas centradas no mercado, o Laboratório do Território propõe uma inversão de lógica: transformar praças, ruas e fachadas em espaços vivos de interação humana, expressão artística e diálogo intercultural. Ao valorizar o papel da comunidade como co-planeadora e guardiã dos espaços públicos, o projeto incentiva um sentimento de pertença e identidade local, promovendo uma convivência mais empática e solidária. Esta abordagem contribui para combater a exclusão social e desafia percepções tradicionais sobre o uso e a função do espaço público. Com o intuito de fomentar coesão social e inovação cultural, a proposta integra múltiplas dimensões. Por um lado, promove o diálogo entre tradição e contemporaneidade, reconhecendo o valor das memórias locais enquanto projeta o território para um futuro inclusivo. Por outro, aposta numa visão sustentável, utilizando o espaço público para reaproximar os cidadãos do meio ambiente, estimulando a criatividade coletiva e reforçando a ligação emocional e funcional das comunidades ao seu território.
Num mundo em transformação acelerada, onde os desafios globais como a crise climática, as desigualdades sociais e a urbanização intensa pressionam as cidades a repensarem os seus modelos de desenvolvimento, o Coordenadas apresenta-se como uma proposta ousada. Reconhecendo o potencial das cidades médias como Penafiel para liderarem processos de transformação significativos, a proposta pretende criar um exemplo replicável de placemaking que equilibre as necessidades locais com as tendências globais. A humanização do espaço urbano é aqui vista como um imperativo cultural e ético, promovendo ambientes acolhedores e acessíveis a todos. Ao integrar as artes performativas como núcleo da estratégia, o projeto vai além da simples estética, propondo uma narrativa transformadora que coloca a experiência humana no centro do desenvolvimento urbano. Este é um convite para que a comunidade local participe ativamente na construção de uma nova visão para o espaço urbano envolvente ao Ponto C, onde o espaço público se torna um espaço de co-autoria, potenciando o impacto cultural, ambiental e social. É uma abordagem que alia criatividade e funcionalidade, desenhando territórios que incentivam o diálogo, a convivência e a sustentabilidade.
O Coordenadas pretende transformar Penafiel num exemplo de como as cidades podem usar a sua escala e características únicas para se tornarem referências em inovação cultural. Este projeto é mais do que uma iniciativa local: é uma mensagem para que outros territórios repensem as suas práticas urbanas e sociais, reconhecendo o poder transformador da cultura e da criatividade na construção de um futuro mais inclusivo e sustentável. Assim, Penafiel posiciona-se tanto como uma cidade de história e património, mas também como um espaço de vanguarda no debate sobre o papel das cidades no século XXI.
Ficha Artística
Oradores
Margarita Dorovska :: Christo and Jeanne-Claude Center [BG]
Curadora e gestora cultural. Dirige o Christo and Jeanne-Claude Centre em Sófia e foi responsável pela House of Humour and Satire. Licenciada em Estudos Culturais pela Universidade de Sófia e mestre em Curadoria de Arte Contemporânea pelo Royal College of Art, colaborou com mais de 200 artistas e coordenou projetos como Transitland, focado nas transformações da Europa Central e de Leste após 1989.
Marta Silva :: Largo Residências
Programadora e gestora cultural. Formada em Dança pelo Ginasiano Escola de Dança, frequentou Ciências da Educação na Universidade do Porto. Cofundadora da LARGO Residências (Lisboa), desenvolve uma prática que cruza cultura e intervenção social. Distinguida com o Prémio Natércia Campos 2023, é uma voz ativa em conferências e júris culturais, comprometida com o acesso democrático à criação e ao território.
Luís Sousa Ferreira :: Riscado
Programador cultural, docente e curador. Adjunto a direção artística do Teatro Nacional D. Maria II e leciona na ESAD.CR. Fundador do BONS SONS, dirigiu o 23 Milhas (Ílhavo) e o Aldear (Tâmega e Sousa). Fundou a empresa Riscado e comissariou programas como Caminhos do Médio Tejo e Braga’27. Formado em Design Industrial, trabalhou no CENTA e na experimentadesign.
Álvaro Domingues :: Universidade do Porto
Geógrafo e professor na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, investiga geografia humana, urbanismo e modos de habitar. Doutorado pela Universidade do Porto, colabora com instituições como a Fundação Calouste Gulbenkian, o CCCB ou a Erasmus University. O seu trabalho convoca formas mais humanas e conscientes de olhar e transformar o território.
Américo Rodrigues :: Direção-Geral das Artes
Poeta sonoro, encenador e programador cultural. Mestre em Ciências da Fala e da Audição (Universidade de Aveiro) e licenciado em Língua e Cultura Portuguesa (UBI), dirigiu o Teatro Municipal da Guarda e fundou projetos como o Aquilo Teatro. Desde 2019, lidera a Direção-Geral das Artes, onde coordenou processos como a revisão dos apoios às artes e a criação da RTCP e da RPAC.
Marta Aguiar :: Mag
Arquiteta e fundadora do Museu Experimenta Paisagem e do gabinete MAG – Marques de Aguiar. A sua prática cruza criação artística, arquitetura e envolvimento comunitário. Coordena o Cortiçada Art Fest e o projeto internacional Landscape Together (Europa Criativa), afirmando uma visão da arquitetura como gesto curatorial e de proximidade com o território e as suas comunidades.
Matilde Seabra :: Galeria Municipal do Porto
Arquiteta e mediadora cultural, coordena programas de arte contemporânea, arquitetura e património, desenhando projetos que emergem das especificidades dos lugares. Cofundadora da Talkie-Walkie (2012), trabalha a intersecção entre saber académico e popular. Atualmente, lidera o ping! Programa de Incursão à Galeria e os programas públicos da Galeria Municipal do Porto.
Informações Adicionais
Contacto
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Informações
https://coordenadaslab.pt/
Preços