Produtor
Medeia Filmes Lda
Breve Introdução
O MEU TIO
Mon Oncle
de Jacques Tati
com Jacques Tati, Jean Pierre Zola, Adrienne Servantie
França, 1958 | 1h51
Festival de Cannes 1958 - Prémio Especial do Júri
Oscars 1959 – Melhor Filme Estrangeiro
Que no fim, este seja um filme de rir (e como a cor, o uso esplêndido que Tati faz dela – aquece e esfria esse riso!) – e sorrir – nem o disse, perante a beleza pungente e humilde que é a sua e a daqueles cães correndo à solta, no início e no fim, deste filme em que só nós é que rimos à gargalhada!
Gil Abrunhosa, folhas da Cinemateca Portuguesa
Tentemos então ver Mon Oncle, a partir de alguns traços e pormenores que assinalem quer a relevância da experiência, quer o grau de inovação que o filme introduzia na obra de Tati, quer ainda a manifestação do génio humorístico do realizador (e “gags” geniais, como é óbvio, não faltam aqui).
Em primeiro lugar, parece importante assinalar a mudança de cenário, em relação aos filmes precedentes. Quer Jour de fête, quer as Vacances eram filmes “rurais”, é em Mon Oncle que a cidade e o espaço urbano são introduzidos. E são-no, numa espécie de assunção dessa mudança, de maneira extraordinariamente fluida, como se Tati quisesse registar a transição: através do senhor Hulot, a única personagem capaz de circular com o mesmo à vontade (ou falta dele) por todos os sítios, passamos do bairro popular e antigo (filmado como uma persistência, ou um vestígio, do campo na cidade) ao bairro elitista e moderno, ao espaço definitivamente urbano que aqui é o verdadeiro objecto do trabalho de Tati.
Depois, é o puro prazer que o visionamento de um filme de Tati sempre oferece. Observar a meticulosa e imaginativa construção dos “gags”, sentir em Tati o mais legítimo herdeiro moderno dos grandes burlescos clássicos (Buster Keaton, sobretudo) – e ver na sua arte a continuação de uma tradição que está hoje, e até prova em contrário, definitivamente perdida. Arte e tradição de que Mon Oncle preserva até a tendência para uma certa melancolia: que dizer daqueles planos que pontuam o filme, com os cães e os miúdos – a não ser que são eles, juntamente com o “indomável” Hulot, as criaturas mais livres e mais “móveis” que Tati mostra em Mon Oncle?
Luís Miguel Oliveira, folhas da Cinemateca Portuguesa
Preços