Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Raphael Roginski
Com reedição mais-do-que-necessária no ano passado pela Unsound, após lançamento discreto em 2014 pela Polaca Bolt Records, motivada por um culto sentido e crescente que é raro nos dias hiperactivos de hoje e amanhã, 'Plays John Coltrane and Langston Hughes' calcou em definitivo a figura de Raphael Roginski no solo guitarrístico contemporâneo. Sem tomar o título como mera reinterpretação em modo standard do legado infinito de Coltrane e da poesia jazz de Hughes, Roginski reimagina a eternidade de 'Blue Train', 'Seraphic Lights' ou 'Equinox' pelo espírito, como que invocado para além do seu corpo melódico e estrutural. Do domínio sensorial. Dessa ligação bem ténue ao repertório no seu sentido mais formal, surge uma música despojada de artifícios e assombrada pelo jazz, pelos blues ou pela folk de vários pontos cardeais, paciente e contemplativa na sua procura constante pela harmonia. Dono de uma abordagem muito própria, cria o seu próprio fingerpicking, desenhando arcos melódicos que se renovam continuamente com toda a lassidão abençoada de Loren Connors e a verve de Bill Orcutt, sem soar a nenhum destes vultos. Novamente, espíritos. Durante esta década que medeia o lançamento e a reedição deste tomo, Roginski tem continuamente lapidado essa sua linguagem, através de discos igualmente encantados como 'Talàn' ou 'Žaltys', onde heranças, fantasmas, memórias e lugares - do folclore Lituano à vastidão do Mar Negro, das memórias de infância nas paisagens bucólicas da Polónia Natal a um misticismo transversal a eras e pontos geográficos - acorrem ao seu dedilhar especulativo e profundamente lírico. Mágico, até.
BS
Abertura de Portas
21:00
Preços