Promotor
Jazz ao Centro Clube
Sinopse
André Fernandes - MOTOR
André Fernandes. Guitarra
José Pedro Coelho. Saxofone
Miguel Meirinhos. Piano
Demian Cabaud. Contrabaixo
Marcos Cavaleiro. Bateria
“André Fernandes é sem dúvida um dos músicos mais importantes do Jazz Português. Agrega a um sentido único de composição, uma qualidade rara
como instrumentista e improvisador. Essa mesma qualidade levou-o a tornar-se um dos guitarristas mais procurados na música contemporânea
por nomes como Lee Konitz ou Perico Sambeat. O segundo álbum de Motor é mais uma peça de um absoluto legado discográfico que se mantém único
na cena musical do nosso país.
“Motor II” inicia-se com o inspirado arco de Demian Cabaud, desaguando numa condução melódica extraordinária por José Pedro Coelho. O
primeiro solo do líder é irrepreensível e a repetição do motivo inicial, assim como a sua articulação, leva-nos de imediato para o
mundo de Fernandes, numa passagem unificada do material improvisado para o texto escrito.
A segunda faixa apresenta-nos uma melodia em legato fortíssima pontuada por um belo momento em trio de piano logo no início. Cabaud e
Cavaleiro mantêm a forma com precisão e uma leitura aberta do plano harmónico escrito por Fernandes. O acompanhamento de Cavaleiro é
melódico por excelência, desde a exposição, passando pelos solos de Meirinhos e do líder. A sua mão condutora no Ride tem uma das melhores
pulsações que já ouvi e uma das mais pessoais do Jazz Português, algo totalmente diferenciado.
Em “All The Wrong Places”, a guitarra acústica começa a delinear a harmonia de um tema inspirado. Miguel Meirinhos, continuando nessa
inspiração, presenteia-nos numa improvisação com o espaço e a dose certa de repetição, onde canta linhas entre o simples e o abstracto.
Existe um pianismo claro, com atenção ao timbre e à resposta do instrumento “rei” na música instrumental do Ocidente. Apesar da sua
idade, o pianista traz a minúcia deste instrumento de percussão e o bom gosto harmónico como os seus principais apanágios. A melodia que
nos aparece imediatamente a seguir é das mais fortes que encontramos no Jazz português actual, num vínculo perfeito para o final de José
Pedro Coelho.
A linguagem de André Fernandes transcende o timbre, onde a escolha das notas e do seu espaço no tempo, definem um músico que supera o seu
instrumento, seja ele electrificado ou não.
Como se esta constatação não nos fosse óbvia o suficiente na estrutura deste álbum, o tema seguinte, “Apagado”, guarda um dos solos mais bonitos do líder na sua extensa discografia: eficaz e cantável o suficiente para nos ficar na memória, virtuoso e inteligente para nos perguntarmos quais as cores que o
ouvido de Fernandes descobre. À primeira vista, essas cores podem parecer-nos desunidas no papel, mas a sua intuição musical desvenda as
melhores ou até mesmo as únicas soluções possíveis para o desafio.
“One Line Only” traz-nos até à secção rítmica novamente. Demian Cabaud escuta como poucos músicos que conheço, talvez a característica mais
importante num músico improvisador, e Marcos Cavaleiro coliga as peças do seu kit num pulsar uno, com um nível de independência que nunca
desencoraja a melodia do seu acompanhamento.
Os últimos dois temas do disco encerram quase em tom de sumário as principais características da obra de André Fernandes. Entre linhas da
guitarra que se encontram entre o material escrito e o complemento do outro solista, junta-se o bom gosto de Meirinhos e o lirismo de Coelho.
Um dos melhores álbuns do Jazz Português em 2025, numa discografia que é um tratado para as próximas gerações de músicos portugueses estudarem.” João Barradas
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