Promotor
Vale Perdido
Sinopse
Joanne Robertson
Figura quase omnipresente na ampla e ambígua teia de colaborações de Dean Blunt, Robertson é um dos rostos mais proeminentes na atual música britânica. Tem vindo a cunhar uma entrega profundamente honesta, livre e de qualidades transformativas.
Do sussurrar das palavras à catarse emocional, cria névoas vocais e acordes minimalistas num inesperado carrossel de sensações em câmara lenta, atravessando linguagens da folk e do rock enquanto ressalta uma abordagem de improvisação beatífica. Onde outros se dedicam à destilação sónica, nela ouvimos uma ondulação alucinatória que origina um estado de espírito contemplativo e docemente letárgico.
É nas margens temporais possíveis que nasce muito do seu trabalho. Entre as artes plásticas, a maternidade e a escrita de canções, emerge a dita espuma dos dias, bem como as ideias para novos projetos. Cada um destes papéis é, de certa forma, indissociável da sua concepção musical. O seu cancioneiro funciona como um diário imaginário, em constante fluxo e aberto a diferentes influências. Um arquivo vivo que resgata tanto a magia do eco de Arthur Russell, como a poesia imaterial de Grouper, e até mesmo a inquietação existencial dos primeiros discos de Cat Power.
O novo álbum Blurrr materializa esses não-lugares sonoros que ela tão bem sabe habitar. Para a ocasião, chamou até si o mago do violoncelo Oliver Coates, talvez um dos artistas e produtores mais cotados do momento, para limar arestas e aprofundar o tecido harmónico. No seguimento de uma discografia algo dispersa e repartida, Blurrr promete elevar o nome da britânica para outras latitudes. Há quem já fale em clássico instantâneo. Mas mais do que futurologia, Joanne Robertson é sinónimo de estímulo criativo constante, no seu tempo presente. Imperdível.
Inês Tartaruga Água
São já muitos os cenários e expressões que Inês Tartaruga Água nos tem proporcionado nos últimos anos. Inquietações de curiosidade, questionamento ou resistência que se exteriorizam em atos performativos invariavelmente magnéticos. Ativismo sensorial sim, mas igualmente interventivo - em semelhante proporção, dir- se-ia - projetados para causar ruptura, quimera e reflexão.
Partindo desse universo multilinguístico acaba por encontrar diversas soluções que tanto passam pelas artes plásticas, exploração sonora e tantas outras manifestações físicas, entre o trabalho coletivo e pessoal. Se peças como Variações para um Pião nº1 refletem uma qualidade meditativa, quase de suspensão temporal, Syrinx aborda a relação corporal com o que se poderá descrever como escultura sónica. Um longo e diverso espectro cuja definição também passa por conceitos de conexão ecológica, política e social; no fundo, a visão holística do que pode, e deve ser a expressão artística nestes tempos de espiral convulsiva.
Preços