Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Lael Neale apresenta 'Altogether Stranger'
Qual o passo seguinte de Lael Neale? Difícil de falar no futuro, ao fim destes anos percebe-se que a norte-americana é imprevisível. Pode-se falar do passado e do presente. Os que são familiares com a sua música perceberão a pergunta, o caminho entre I’ll Be Your Man (2015) e Altogether Stranger (2025) é tudo menos óbvio. No início, a música era postal, um redondo efeito folk moderno com desejos de quem procura um lugar em Los Angeles - e não sabe qual é ou o que poderá ser. Depois, Neale descobriu o grão na imagem. Acquainted With Night, em 2021, era um desconcertante corte com o passado. Confirmado dois anos mais tarde com Star Eaters Delight, um belíssimo disco de ideias de pandemia, parar, aceitar as consequências. E, sobretudo, perceber que ser neutro não é uma inevitabilidade, mas uma escolha.
Star Eaters Delight confirmava que não estava para ficar parada no estigma folk, de aceitar o bonito. Foi gravado na quinta de família, na Virgínia, e era também uma oposição à vida de Los Angeles. Altogether Stranger confronta o álbum de 2023: o reencontro, o choque, com Los Angeles. Reza a história que foi gravado numa manhã. Nove canções, trinta e dois minutos. Lael Neale continua o seu caminho pelo tal grão, em que é demasiado nova para regressar a uma ideia de hypnagogic pop, e velha - salvo seja - para ver isso como uma influência. Sobra, então, a ideia certa.
Os Galaxie 500 e tudo o que daí nasceu - sobretudo Damon & Naomi - sobrepõem-se no presente. Lael Neale não está a tentar fazer música tão intemporal como a dos Galaxie 500, está a tentar compreender o seu ritmo, existir naquele coágulo de sensibilidade entre os Velvet Underground e os Spacemen 3, ou entre o psicadelismo de outra vida de Los Angeles e as abordagens rock mais experimentais do britpop (estranhamente, Blur vem à memória aqui e ali). Essa é, portanto, a ideia certa. Nesse sentido, sente-se presente, em que os ventos do presente se elevam à nostalgia, em que o choque com o pavimento de Los Angeles é transmitido com o tom abrasivo, desconfortável e verdadeiro que merece. Ela expurga esse mal-estar, geral, para que outros não o tenham de fazer. Algo tão comum, banal, torna-se tão pessoal nas palavras e voz de Lael Neale. Por vezes, até é uma canção de embalar. Sejamos embalados por ela e por elas.
AS
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alga
alga, pseudónimo de cláudia simões, interessa-se por música sob uma perspectiva performática e emocional, levando o ouvinte numa caminhada sensorial e sobrenatural por uma paisagem sonora profundamente pessoal e evocativa. Em setembro de 2024 revelou o projeto «MATERDOLOROSA», o seu primeiro mini-álbum em homenagem às mulheres da sua família composto de gravações de campo e improvisações. Com vozes espectrais e loop, alga cria um campo sonoro assombrado por espíritos, paciente e contemplativo, pejado de memórias e alusões nebulosas.
Abertura de Portas
21:00
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