Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Custa a acreditar que a carreira de Lucrecia Dalt tem mais de vinte anos e que só há, sensivelmente sete/oito anos, parte do mundo lhe começou a dar a devida atenção. A atenção só tem crescido desde então. Estas coisas são um processo e, se calhar, sem um caminho tão dedicado à electrónica experimental seria difícil a colombiana encontrar a clareza de espírito para formular uma pop singular como o faz em “A Danger To Ourselves” e que já simulava em “¡Ay!”.
O que torna isto tão especial é que sente-se espectros de tudo o que está a acontecer pelo mundo na Lucrecia Dalt de 2025. Há Rosalía antes de Rosalía – não é crime dizê-lo – enquanto afirma uma sensibilidade que atenua a electrónica angular e faz a sua voz deslizar num manto sombrio. Dalt foi sempre tentada por um lado místico do som, como se procurasse algo inalcançável. Por isso mesmo, em diferentes momentos da carreira, o que fez parecia distante do presente, como se vivesse numa realidade paralela, noutra dimensão.
Em 2025 pode-se dizer que se sente mais próxima. A Lucrecia Dalt de hoje, e que se ouve em “A Danger To Ourselves”, origina de um processo, provavelmente involuntário, de anos de trabalho a procurar dinâmicas sonoras que culminam de forma fantástica em canções. No fundo, é como se o segredo estivesse sempre ali, mas não se andava à procura dele. Nem ela, nem nós. Tal como muitos artistas antes dela, um dos quais David Sylvian – seu companheiro e figura ativa na produção de “A Danger To Ourselves” -, Lucrecia Dalt teve de procurar águas mais fundas para evoluir. É nesse mar vasto que a iremos encontrar, algures entre a impossibilidade destas canções um dia existirem e a possibilidade delas estarem aqui mesmo e serem pop, se quisermos acreditar nisso. E devemos acreditar.
AS
Abertura de Portas
21:00
Preços