Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Maria Reis
Uma das mais acarinhadas e respeitadas vozes da canção feita em Portugal, Maria Reis tem-nos deixado um legado que irá, sem sombra de dúvida, perdurar no cânone cancioneiro deste país. Co-fundadora do colectivo e editora Cafetra, Reis começou desde bem cedo a revelar uma apetência inata para a escrita de canções, em particular com as Pega Monstro, banda que manteve com a sua irmã Júlia Reis e com a qual nos deixou hinos como ‘Akon’, ‘Amêndoa Amarga’ e ‘Partir a Loiça’. Após o hiato desta em 2018, e num processo crescente de depuração e audácia, tem trabalhado a solo com um poder afirmativo e uma sensibilidade muito suas.
Após um primeiro EP, ainda algo tímido e cru – Maria – lançado em 2017, foi em 2019 que deu definitivo arranque à sua música em nome próprio com o lançamento do celebrado ‘Chove na Sala, Água nos Olhos’. Disco que revelou em pleno a sua capacidade, quase casual, de pintar retratos impressionistas e vividos do mundano, convergindo toda a raiva, resignação e alegria melancólica de arrepiar caminho. Dois anos mais tarde, no seguimento de uma série de aparições ao vivo icónicas, grava ‘Flor da Urtiga’ com produção de Noah Lennox tcp Panda Bear. Um documento mais doce, atravessado por uma fina ironia, onde histórias de família, amor e toxicidade masculina se sustinham em camadas de guitarra acústica, leves percussões e harmonias celestiais.
Imune a regras e expectativas óbvias, ‘Benefício da Dúvida’ de 2022, assume uma produção mais despida que permite as canções respirarem ao seu mais essencial. Assente em arranjos simples mas vitais, e contando com a participação da sua irmã Júlia e produção do cúmplice Leonardo Bindilatti, ‘Benefício da Dúvida’ vai das cascatas de feedback de ‘Lobisomem’, às sonhadoras harmonias vocais da faixa título ou ao desespero calmo de ‘Elefante na Sala’, num todo tão honesto quanto bravo na sua progressão.
Após aquela que pode ser vista como uma trilogia de curta e média duração e volvidos exactamente dois anos desde ‘Benefício da Dúvida’ encerrou esse mesmo ciclo, num processo constante de aprendizagem, Maria Reis regressa às edições com ‘Suspiro…’. Álbum criado em estreita colaboração com Tomé Silva, captado na intimidade do seu quarto, e que sem cortar com esse passado ainda recente, reflecte uma maturidade lírica e de arranjos apenas possível a quem reconheceu todos os ensinamentos prévios para daí chegar a um novo patamar para a eternidade da canção. Disco que em 11 canções compõe todo um mosaico de vivências reais e imaginadas onde todas se podem, de uma ou outra forma, espelhar. No fundo, algo que Maria Reis sempre tem vindo a fazer com notável saber, honestidade e jogo de cintura.
~
Vaiapraia
Rodrigo Vaiapraia partiu das gravações lo-fi no seu quarto em direcção a um destino com várias paragens. Se com uma gravação em fita e take directo com as Rainhas do Baile, editou o seu primeiro álbum “1755” (2016) com sabor a garage rock e expurgo queecore, então em “100% Carisma” (2020) abraçou a pop com Adriano Cintra e Luís Severo, praticando a emancipação pós-punk com a potência da sua banda. Mas os rótulos são só um papel que se cola à testa, e Vaiapraia é e já foi muitas coisas - seja a solo, em trio, com banda ou numa multiplicidade de colaborações com pessoas e colectivos, tais como Cão Solteiro, Filipe Sambado, Lora Logic, Michelle Blades, Plataforma285, Tomás Paula Marques e Van Ayres. Trata-se de um projecto de amor, onde o processo social acompanha o criativo, e onde cabem fãs, artistas, amigues e transeuntes desta vida, num universo em que se ensaia uma comunidade, onde cada qual brilha à sua maneira. Começando 2023 com o EP “Estrelas e Trovões”, continua a escrever novos temas e a tocar ao vivo pontualmente pelo Reino Unido, terra onde vive. Nas quatro canções gravadas de lareira acesa com Júlia Reis, na sua casa na aldeia de Vilar Seco, há simplicidade e escuridão e muitas, muitas perguntas. É possível que tenhamos as respostas num próximo álbum. Por agora, teremos o desvendar de mais uma camada da sua matrioska num novo formato de concerto. O espectáculo, que quase desde início se alicerçou em banda, será agora a consagração da sua ausência. Para isso, juntará ao material antigo o novo repertório, numa sonoridade onde a dramaturgia, o baixo acústico, o teclado e alguns elementos electrónicos unirão as pontas do véu, deixando a descoberto mais uma derme, tão profunda como as anteriores. Música e teatro, visões e narrativas, e sempre a voz: cantada, gritada, falada e repetida. A paixão, o riso, a dor, o olhar atento e a crítica social continuam borbulhantes e sempre em busca de um palco. Vaiapraia está pronto para o galgar.
~
Duo Vilar Seco
É Júlia Reis e Pedro Marques. Juntos foram da capital para o interior, fazem regressos a Lisboa sistemáticos em vários domínios, familiares e académicos, mas agora com inédito retorno à mixer. Júlia Reis (og Lisboa), co-fundadora da Cafetra Records, e metade de Pega Monstro, e Pedro Marques (og Tondela), assíduo e aplaudido DJ nos anos 10 da cena Lisboeta, estrearam o seu conjunto há mais de 10 anos no mítico Lounge. Sob renovada alquimia e duas filhas depois, trazem na mala preciosidades sortidas, mal-empregadinhas ficarem por partilhar.
Abertura de Portas
21:00
Preços