Produtor
PG Booking - Agenciamento e Produção de Espetáculos, Lda
Sinopse
Camané
Infinito Presente
Aconteceu assim. Não foi planeado como celebração dos 20 anos do primeiro álbum, Uma Noite de Fados, dos 20 anos com José Mário Branco, dos 20 anos em que, ao sair das casas de fado, começou a afirmar-se como a mais importante voz masculina fadista chegada depois do 25 de Abril. Não foi planeado, mas Camané e José Mário Branco não tardaram a perceber que uma temática vinha discretamente infiltrando-se nas suas escolhas, e de forma rasteira, daninha, se anunciava afinal demasiado presente para que pudesse ser ignorada: Infinito Presente, sétimo álbum de estúdio de Camané (que toma o título de empréstimo a um verso de David Mourão-Ferreira), está todo ele ancorado na ideia de tempo. A passagem do tempo, o tempo que é memória, o tempo em que vivemos.
Infinito Presente começou a ser preparado há 20 anos. Nada que ver com factos, mas sim com esta sonoridade que aqui encontramos e que é um contínuo, uma depuração permanente de uma ideia de fado que então começou a ser desenhada entre o fadista Camané, o produtor José Mário Branco e, progressivamente, a letrista Manuela de Freitas, e os músicos José Manuel Neto (guitarra portuguesa), Carlos Manuel Proença (viola de fado) e Carlos Bica (contrabaixo). Uma ideia profundamente enraizada no que há de mais tradicional no fado, numa voz que vai à frente a largar as palavras, a deixá-las pousar no sítio certo; e os instrumentos todos virados para a sua presença, limpando-lhe o caminho.
E este espaço criado para a voz deve-se ao facto de, como diz José Mário Branco, Camané ser “um intérprete excepcional, um talento”. “Tem uma voz bonita mas isso não interessa nada. De vozes bonitas estamos nós fartos e não nos dizem nada. O que interessa, sobretudo no caso de um fadista, é parecido com o teatro: a capacidade de o fadista ser verdade.”