Produtor
A Circular - Associação Cultural
Sinopse
Estudo pontuado por danças nas quais uma certa maneira de representar o poder de gestos disformes foi questão para mulheres artistas do séc.XX.
Feitas de êxtase, de prazer, de gozo, de subversão, de lascívia, de susto, de extravagância e de alegria, as danças as quais nós nos apegamos requerem uma intensa capacidade em passar de um humor a outro e a inventar imaginários insolentes. Sem deixar de lado as exigências de desarticular, desarmar e chacoalhar o corpo, cada dança trabalha no sentido de evidenciar uma emoção. Um programa de faculdades imaginárias é criado para tornar visível presenças específicas, naturezas de relação com o público variadas e modos de sentir interdependentes.
Época é um estudo pontuado por danças nas quais uma certa maneira de representar o poder de gestos disformes, em cena, foi questão para mulheres artistas do século vinte. Nós começamos lendo descrições de danças feitas por suas criadoras, e recusamos todo recurso a filmes, vídeos e fotografias. Depois, transformamos livremente as descrições em partituras para danças curtas. Uma vez tornadas ficção, as partituras viram gestos incarnados e começam a criar danças autónomas dos primeiros textos que lhes predeterminaram.
Apoiando o projecto na potência da palavra e na sua capacidade intrínseca de invenção do gesto dançante, essas danças dão a ver uma história de desfasagem entre os intérpretes como prolongamento de uma desfasagem entre os tempos, as palavras e as sensações, o teatro e a nostalgia.
Época designa assim uma categoria qualitativa e não cronológica, na qual elementos de interpretação são postos em jogo para ativar uma história íntima e viva, quem sabe perdida ou esquecida no passado simbólico dos nossos percursos como artistas. A dança é aqui tomada como um meio bruto e directo de visitar e avivar um arquivo que não pára de procurar nos nossos presentes suas vitalidades insistentes. Época investiga a magia do enigma, do mistério, da força do instante e da sua renovação assídua como fundamento do movimento performado.
Época é constituída das seguintes danças: A subversão de 1920, O susto de 1929, A extravagancia de 1926, O mistério de 1996, A conquista de 2001, A vertigem de 1968, A dominação (data desconhecida), A euforia de 1925, A crença de 1965, A ressureição de 1973, O vício de 1922, A lascívia de 1917, O gozo de 1927 e O êxtase de 1920, O transbordamento de 2015.