Promotor
Universidade de Coimbra - Teatro Académico de Gil Vicente
Sinopse
RUBBER DOLPHIN, DE ORI AHARON
A gay love story set in a one bedroom apartment in Tel Aviv. They meet, they have sex, they fall in love. Will it last until the morning comes?
SERODISCORDANTES, A FILM BY NOEL ALEJANDRO, DE NOEL ALEJANDRO
A virus is always an unwanted guest. Yet, if it arrives, you better make room for it. Consumed by the guilt, Miguel was doing his best to keep Evaristo safe and apart of the tension, but he knew he couldn't hide it any longer when dark thoughts started taking on his dreams. Seeking the mystic help of a pendulum, both lovers enter a dangerous game of questions that will reveal the most undesirable intimacy. In the time of a day, they'll go together through the fear of the illness, the subtle loss of the innocence, and the unparalleled complicity that arises from deep truth. Based on the story of Alejandría Cinque and Cachorro Lozano. Serodiscordantes was filmed and edited in Berlin. Directed by Noel Alejandro. Director: Noel Alejandro Cast: Alejandría Cinque, Cachorro Lozano Year: 2019 Length: 23 min Language: Spanish Subtitles: EN, FR, DE
Um vírus é sempre um hóspede indesejado. No entanto, se ele chegar, é melhor arranjar espaço para ele. Consumido pela culpa, Miguel (Alejandría Cinque) fazia o seu melhor para manter Evaristo (Cachorro Lozano) a salvo e afastado da tensão, mas sabia que não o podia esconder mais quando pensamentos sombrios começavam a tomar conta dos seus sonhos. Em busca da ajuda mística de um pêndulo, ambos os amantes entram num perigoso jogo de perguntas que revelarão a intimidade mais indesejável. No tempo de um dia, eles vão juntos pelo medo da doença, pela perda sutil da inocência e pela cumplicidade inigualável que surge da verdade profunda. Baseado na história de Alejandría Cinque e Cachorro Lozano. Serodiscordantes foi filmado e editado em Berlim. Dirigido por Noel Alejandro.
THE KISS, DE MIGUEL DE
O filme The Kiss de William Heise, de 1896, é publicitado no catálogo de filmes de Edison como algo inesquecível: they get ready to kiss, begin to kiss, and kiss and kiss and kiss in a way that brings down the house every time. Um filme sobre um beijo, um escândalo para a altura. Este não é esse filme, mas também é sobre um beijo
William Heises The Kiss, from 1896, is marketed in Edisons film catalogue as an unforgettable film: they get ready to kiss, begin to kiss, and kiss and kiss and kiss in a way that brings down the house every time. A film about a kiss, a scandal for its time. This is not that film, but its also about a kiss.
Mensagem do Realizador Director Statement
Numa espécie de desafio ou subversão da moral do obsceno e do sexo explícito, decidi criar um filme que recorresse a vários filmes pornográficos hardcore, utilizando apenas planos de beijos, numa referência a um dos primeiros filmes comerciais da história do cinema, The Kiss, de William Heise (1896), escandaloso para a altura por representar um beijo explícito no grande ecrã. Linda Williams, em Screening Sex (Duke University Press, 2008) defende que, de certa maneira, terá sido o primeiro filme pornográfico.
Williams analisa a insistência do acto sexual no cinema e a sua relação com a pornografia, e põe na linha da frente a relação entre a revelação e ocultação do acto sexual nos filmes. A partir dessa análise, questiono se este jogo entre o ver e o não ver, o que está fora de cena (ob-sceno) e o que aparece no plano, esta ideia de que é preferível deixar algo à imaginação em vez de mostrar tudo, não será produto da moral que explorámos nos capítulos anteriores, aliado à excitação clandestina do fruto proibido? Como Foucault pensa o paradoxo entre a imensa produção de discurso sobre sexo e o seu encobrimento como segredo, também é interessante a possível ligação paradoxal entre a tentativa de remeter as representações do sexo à escuridão e a consequente curiosidade ardente em desvendá-las. É curioso, portanto, como no cinema a tendência é normalizar a
representação do acto sexual e na internet conteúdo meramente sugestivo é apagado.
No meu The Kiss, o acto sexual reduz-se ao beijo: um longo beijo multiplicado em vários rostos, vários lábios e línguas, saliva, gemidos, o som como um assalto aos sentidos. O paradoxo do acto puro, o beijo, num filme impuro, o pornográfico, revela que o problema não é o beijo como conceito, mas a sua aplicação nas várias formas. A forma socialmente aceite do beijo não são estes e a insistência em mostrá-los, em ouvi-los, culmina numa saturação que incomoda. O facto de os fragmentos usados pertencerem a filmes pornográficos (uma evidência pelas suas características formais apresentados logo no primeiro
fragmento), lança o filme para o território do desconforto, dependendo do contexto onde é apresentado e se esse contexto é uma experiência social (cinema) ou individual (computador em casa). Se, de novo, a tendência do cinema é mostrar cada vez mais, defendendo-se na simulação do acto, e portanto salvaguardando o espectador da irrealidade do que vê, tal como quando vemos alguém a dar um tiro noutra pessoa num filme, com The Kiss proponho mostrar o menos possível, mas de um objecto em que o acto, apesar de não o vermos neste contexto, não é simulado, tornando-nos cúmplices na ilicitude moral. Não vemos o sexo, mas sabemos que ele existe e aconteceu, da mesma forma que vermos
apenas uma imagem de um qualquer vídeo de decapitação feito pelo Daesh é perturbador, mesmo que não vejamos o acto propriamente dito. A comparação pode parecer absurda, mas recordo os termos e condições das redes sociais que juntam no mesmo artigo de proibições a violência, ódio e ilegalidade e o sexo. De novo a vergonha do corpo, um empecilho à aspiração divina, um recipiente falível, terreno, impuro. Seria este filme aceite numa rede social? É mais ou menos obsceno que os filmes pornográficos que o compõem?
Miguel De
Produção
XXVI Edição Caminhos C. Português